Páginas

17 junho 2011

Transporte individual, consciência individual


Por |
Depois de 40 dias com pé quebrado, ontem eu voltei a pedalar. Particularmente eu não gosto de mim mesma quando dirijo, acho que me torno muito agressiva e impaciente e potencialmente perigosa (não admira ter sofrido um acidente sério com 3 meses de CNH). Então eu pedalo porque eu gosto, porque me deixa feliz contribuir para ter menos carro = menos poluição + sustentabilidade e porque minha agressividade diminui devido ao meu nível de exposição á boa vontade dos outros motoristas (ahaha, pensou q eu ficava uma pessoa melhor quando pedalando?)
Hoje pedalei feliz pensando sobre mobilidade, em S. Carlos por exemplo existem alguns problemas com a geografia da cidade pois não há muitos caminhos alternativos para cruzar a cidade, some-se a isso, os motoristas serem mal preparados: não sabem dar seta antecipadamente, aceleram quando alguém está cruzando a preferencial (como se bater fosse dar a razão e não como se o mais importante fosse não bater), não sabem andar em apenas um faixa, estacionam em locais proibidos, fecham cruzamentos e etc etc... e por fim, não há estrutura física para o aumento de carros. Parece que estou descrevendo qualquer cidade, certo?

Com esse pensamento na cabeça, pesquisei um pouco sobre os motivos pelos quais o trânsito está um caos e descobri coisas interessantes, além de lembrar outros fatos, por exemplo: Quando Ford criou uma nova “revolução industrial” (não vou falar sobre isso, leia a máquina que mudou o mundo) em Detroit, ele criou um modo de produzir barato e imenso, mas também com um nível de desperdício absurdo que fazia sentido em um mundo com baixo poder aquisitivo e a idéia de recursos inesgotáveis, e hoje, isso é possível? Absolutamente não! E com a quebra da indústria automotiva americana em 2009, houve a oportunidade de mudar a maneira como a produção é feita, inclusive para que as empresas tivessem acesso ao pacote de ajuda econômica, houveram uma série de requisitos no sentido de mudar a cultura empresarial desse segmento. Me digam se houve alguma mudança realmente significativa, acho que perdi...

Tem o status, pois desde que as pessoas descobriram que carro era sinônimo de exibir seu poder aquisitivo, pronto, todo mundo quer um carro, mesmo que precise pagar 5 anos por um com metade de seu salário. E depois que apareceram os SVUs a coisa foi pro espaço...quanto maior, mais novo, mais consumidor de combustível fóssil, melhor eu, o motorista, aparento para o resto do mundo (mesmo que pensando dessa forma, faça ainda menos sentido). - Eu não tenho um utilitário, mas eu passei pela fase de pegar ônibus para ir a escola, odiar ficar apertada, ás vezes molhada de chuva, as vezes ouvindo abobrinha alheia, as vezes perder o ônibus, e todos os problemas inerentes ao transporte público; não via a hora de tirar carta e ter um carro, hoje tenho um carro, mas prefiro andar de bicicleta

Ok, então temos identidade social + cultura empresarial o que, por si somente, poderiam explicar os problemas de mobilidade, mas achei um artigo no r7 falando que, para cada R$1,00 investido em transporte público, são R$12,00 investidos pelo governo em transporte individual, como se houvesse necessidade de estimular o aumento deste. Além disso, o custo para o transporte coletivo cresceu devido ao crescimento do congestionamento, instabilidade do combustível e aumento do valor das peças; custo repassado ao consumidor que não vê benefícios nesse aumento, vejam aqui no artigo do Bazani.

Trânsito é um problema complexo, eu sei. Não pretendo explicar ou dar soluções com o meu parco conhecimento no assunto, mas creio que para tudo há uma iniciativa individual de cada um, eu escolho pedalar, se você escolher não avançar em cima do ciclista, já é um começo. Não acredito em culpa exclusiva do governo ou das empresas, quando todo mundo pode fazer alguma coisa. Se o motorista do carro que avançou nos ciclistas em Porto Alegre tivesse escolhido esperar, talvez ele tivesse podido voltar para casa com a visão de que tem pessoas preocupadas com o mundo que ele vive. E leia-se não acho que todos andarem de bicicleta seja a solução, nem acho que deveríamos extinguir os carros, etc etc - sou contra radicalismos - acho que a solução viria de cada um abrir mão, só um pouquinho em prol do coletivo.

Outros textos:

Apocalipse motorizado

Imagens:

Siga o coelho aos outros posts:

Nenhum comentário:

Postar um comentário